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2021: O Melhor Pior Ano da Minha Vida

Atualizado: 31 de jan. de 2022


2021 foi, sob vários aspectos, o melhor pior ano da minha vida. Já tive muitos anos difíceis, mas 2021 superou todos. E digo melhor pior porque entendi, com o ano passado, que quanto pior melhor. "Tá bom porque tá ruim e estaria melhor se estivesse pior". Em nenhum outro ano, até aqui, aprendi tanto quanto em 2021. E esse texto está sendo escrito quase um mês inteiro depois de entrarmos em 2022 por um único motivo: era coisa demais para processar.

2021 me deu um filho, uma empresa, um blog, um livro, uma nova forma de ver a vida e bastante experiência. Tive um burnout, me separei, mudei minha alimentação, mudei meus hábitos e a partir daí fui montando um novo eu. Apanhei um bocado, sofri bastante, me senti incompetente quase o tempo todo, senti que não era amado e que não tinha um lugar para mim nesse mundão. Chorei, coisa que não fazia há algum tempo. Mas, cresci.

Ano passado eu aprendi que é importante olhar para trás. Porque quando as coisas ficam muito nebulosas, o que te mantém é lembrar de onde você veio, das pessoas que torcem por você, que te nutriram e nutrem até hoje. Sempre fui adepto do "não olhe para trás, não é para lá que você está indo", mas aprendi que você precisa lembrar, nunca esquecer e sempre ser grato pelo que recebeu. São as nossas raízes que nos seguram no meio do furacão.

Experimentei a relatividade e o valor do tempo na pele. Vi umas rugas surgindo, uns cabelos grisalhos se pronunciando. Vi um ano parecer dez, e uma hora parecer um minuto. Aprendi a sentir saudade do sofrimento, das noites insones com o David tão novinho, com cólica. E vi crescer em mim um desejo de mais tempo para deixar algo que ajude o mundo em que ele vai viver a ser mais justo e mais fraterno.

Entendi que o amor é antes a compaixão para com os vícios do que a admiração das virtudes. Os tempos difíceis sempre chegam e não importa quão virtuoso alguém seja, você encontra o verdadeiro amor quando está no seu pior. E descobre quem realmente ama quando, estando no seu pior, consegue amar o pior do outro e ter compaixão com o erro, a dor, o medo.

2021 foi um ano da saída do casulo, da lagarta que aspirava à borboleta, mas que, hesitante, não tinha coragem de romper a casca e se lançar ao vôo. Um ano de medo e incertezas. Ano de dinheiro contado, solidão e julgamento. Ano de renascimento, de não mais rastejar, mas voar. Com asas recém-criadas e ainda ganhando confiança ao se sentir planando com o vento instável, em vez da segurança de se arrastar no chão firme e frio.

Nunca me senti tão testado em minha integridade como homem. Nunca tanto me foi cobrado, nunca me senti tão esgotado física, mental e emocionalmente. Mas, agora que escrevo essas linhas, só consigo ter um sentimento de profunda gratidão. "Você é aquilo que faz quando a última porta se fecha atrás de você.", dizia Sócrates. E sinto que não me envergonhei, nem à minha linhagem, fui digno. E, por isso, sou grato à vida.

Quando 2021 se despedia, ouvi muita gente falando que o ano tinha sido "horrível" e mais isso e aquilo outro. Veja, tudo depende de como você encara o que a vida te traz. Marco Aurélio dizia que "O obstáculo é o caminho." e agora eu entendo o que ele quis dizer. A minha dor me conduziu às letras. A minha insatisfação com o trabalho me levou à Summit, ao propósito de fazer o mundo mais feliz no trabalho. Toda adversidade carrega a semente de uma benção. 2021 provou isso como nenhum outro ano.

E ainda há muito pela frente. Mas, já caminhei tanto. E foi tão pouco tempo, só um ano. O melhor pior ano da minha vida. O ano em que me tornei pai, empresário, escritor e homem. Acho que antes eu era só um garoto tentando se achar. David, a Summit, os textos me fizeram amadurecer. Lagarta não mais e não mais casulo, borboleta. 2021 foi "o ano", o melhor pior de todos. E você? Ainda lembra do seu? Aonde ele te levou?


 
 
 

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Since 2021. por Rannison

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