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A Difícil Missão de Ser Quem Somos

Já bem jovens, as pessoas a nossa volta nos perguntam: “o que você quer ser quando crescer?”. Costumamos responder coisas como bombeiros, médicos, astronautas, atletas, artistas, etc. Mas raramente ouve-se uma resposta “eu”. Talvez esteja aí o nó da coisa. Vamos pensando em ser o que queremos ser e nos afastando daquilo que realmente somos. Afinal, porque não é suficiente ser quem somos? Por que precisamos querer ser alguém quando crescermos? Já não somos alguém? Será que dá para realmente crescer sem ser quem somos?

Por mais nobre que seja o trabalho de um médico ou de um bombeiro, é a pessoa que o desempenha que tem papel fundamental. Todos conhecemos histórias de médicos que cometeram atrocidades, mas também muitas histórias de bravura, genialidade, comprometimento e doação protagonizadas por médicos. A diferença nesses casos não eram os diplomas ou as roupas brancas, eram as pessoas. Porque perguntamos à nossas crianças tanto sobre o que elas querem ser, ao invés de perguntar, quem elas são, “quem” e não “o que” elas querem e precisam ser?

Talvez porque acreditemos que crianças não poderiam ter uma resposta realmente boa para essa pergunta tão difícil. Ou, quem sabe, só nos poupamos a tarefa de tentar entender o que elas nos disserem. Depois de tanto aprender a desaprender ser quem somos, pode ser realmente frustrante se dispor à essa tarefa. Tudo no mundo tem uma função de existir, sem dúvida. Mas talvez só possamos descobri-la ao ser quem somos. O “o que” deriva do “quem” e não o contrário.

Se dedicar apenas a ser um professor ou uma bailarina melhor pode nos aprisionar aos papéis que desempenhamos. Como um ator que após representar bem o seu personagem, se identifica tão profundamente com ele que, mesmo depois de acabar seu trabalho, se mantém encenando, interpretando aquele papel. Porque a representação foi tão boa, a sensação de ser apreciado pelos demais, tão prazerosa, que o ator se torna sua personagem. De tanto interpretá-la, esquece de quem era no início da peça. Ele se concentrou em ser um melhor ator, se esqueceu cuidar do seu “eu”, tornou-se um personagem.

Hoje temos a chance de separar o ator do personagem. Apenas parar a cena e prestar atenção em nós mesmos. Pergunte-se “Quem sou eu?”. Pergunte-se por que faz o que faz, do jeito que faz. Isso te traz felicidade? Você conseguiria não ter mais isso e ainda assim ser feliz? Se ao fim da peça, não receber aplausos, ainda assim, terá valido a pena? Se não, por que não muda? O que é tão difícil? Descubra hoje, aos poucos, quem você é, e depois que descobrir, confie em si mesmo. Aceite a dura tarefa de ser quem é. Não há tarefa mais importante. Bom dia!


 
 
 

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