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A Difícil Missão do Amor

Não importa em que época, civilização ou cultura; talvez não importe nem mesmo o planeta ou a galáxia; o amor sempre estará nos trending topics. E esse negócio de amor pode parecer tão batido às vezes, não é? Afinal, a gente quer é novidade. Andamos tão enfastiados de tudo, tão entediados e descrentes das coisas. Mas, o que é o amor?

De tanto usar a palavra, de tanto gastar o sublime verbete com qualquer coisa; assim penso eu; perdemos a profundidade do significado. Hoje a gente ama tudo e nada ao mesmo tempo. Nossos amores são tão volúveis que fica até questionável chamar por esse nome. Mas será que precisa ser duradouro pra ser amor? Será que há um jeito certo? Precisa ser específico? Que difícil!

Pela minha breve vida, acho que amor parece mais com um tempero. Com uma coisa que dá sabor e cor a tudo. Amor pelo nosso trabalho, amor pelos nossos amigos, pelos nossos significant others. Aquele impulso que faz a gente abrir um sorriso sem entender direito o motivo, aquela força que faz a gente trabalhar por horas, tão absorvido que esquece de comer. Amor é aquele negócio que eleva a alma da gente.

Pense num inventor e seus cálculos, num músico e suas composições ou num amante e seu ser amado. Para eles, tudo é mais saboroso, por causa do amor. E mesmo quando as coisas estão muito difíceis, as poucas palavras, os gestos silenciosos ou o olhar disfarçado de alguém, mudam tudo. Nada foi resolvido, mas, de repente, nada é tão ruim como antes. Aí, creio, está o amor.

E que difícil essa missão nos dias estranhos que vivemos. Como é difícil encontrar amor pelo trabalho quando te doutrinam a ser “bem sucedido” antes de qualquer coisa. Como é duro encontrar amor pelos outros quando a gente tem tanta resistência a se amar. Como é complicado lidar com aquele amor que não entregamos por medo, já que tudo parece fadado ao descarte.

Este não é o primeiro e, certamente, não será o meu último texto sobre o tema. E a razão não poderia ser mais evidente: se o amor é tempero, a vida sem gosto não tem nenhuma graça. Pode até encher a barriga, mas não satisfaz. Mata a fome do corpo, mas não a da alma. Sobrevivemos, mas sem nos sentirmos realmente vivos.

É preciso amar. Amar o nosso trabalho, os nossos semelhantes, a nossa casa, a nossa vida. Não por função social, claro que não. Mas para justificar nossa vinda até esse mundo. A vida precisa de amor. Você precisa do seu amor. É como comida para o espírito. E de todas as coisas no trending topics da eternidade, sem dúvida nenhuma, essa é a mais potente.

Vivi muitos anos sem ter real amor pelo que fazia, por quem eu era e pelo que a vida me trazia. Um constante estado de descontentamento. Um vazio que só pedia mais, mais e mais. Que estranho. Tanta coisa, tanto tempo perdido. Para que? Em que? Afinal, nada faz sentido sem amor. Eu te desafio a testar. Passe 5 minutos por dia fazendo algo que realmente ama, só 5. Você vai perceber que as outras 23:55 horas ficam bem mais toleráveis. Tente.

Mas e se, de repente, você começasse a passar mais tempo? 6 minutos, 7, 10, 15? E se você realmente pudesse amar cada minuto da sua vida toda? Como seria? E, veja bem, talvez você já viva isso. Mas, seja sincero consigo mesmo, é o caso? Se tiver dúvida, aceite o desafio aí e vá aumentando o tempo. Funcionou e ainda funciona para mim. Espero que para você também.

Esqueça o amor como matéria prima dos poetas. Esqueça o amor bobo-alegre e abestalhado. Amor é a cola que dá consistência à vida. Tente amar o que faz e como faz. Encontre aquelas coisas em você que te deixam todo bobo de ser quem é. Se admire, cara! Deixe os críticos falando sozinhos, eles vão falar de qualquer jeito. Tome para você a difícil missão do amor. Você precisa, você merece e você consegue. Experimenta. Boa segunda!

 
 
 

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