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A Longa Estrada Para a CNH

Minha primeira experiência tentando dirigir não foi das melhores. Quase arranquei a porta do carro do meu pai tentando tirá-lo da garagem. Depois daquilo, ele contribuiu para a minha insegurança. Não me deixava sequer chegar perto do seu carro. Eu tinha uns 16 anos e já queria ter a oportunidade de dirigir. Via meus colegas tentando, seus pais deixando-os “manobrar” e “pegar” o carro na rua de casa. Não era assim comigo.

Fiquei tão chateado comecei a pensar que não era para mim. Insisti várias vezes, e meu pai sempre me lembrava daquela fatídica marcha-a-ré que quase separou o carro da porta direita. Via meus amigos tirando a carteira de motorista, mas eu, lá dentro, tinha a impressão de que ainda não era a hora, não era para mim. E quando chegasse o momento sabia que ninguém me ajudaria. Meus pais não podiam pagar, meu pai não queria que eu tocasse no seu carro e minha mãe não sabia dirigir.

Acho que foi isso que me levou a tirar a CNH aos 21 anos. Juntei um dinheiro e mandei bala. Algumas aulas depois, chegou a hora da minha prova de direção. E tenho grande prazer em dizer que fui aprovado de primeira, sem nenhuma ressalva. Balizei como se eu e o carro fossemos um só. A baliza foi tão rápida e tão certinha, que o próprio avaliador ficou olhando para ver se o carro estava torto na vaga, antes de me dispensar dizendo que eu estava aprovado. Quando cheguei em casa, minha mãe ansiosa me perguntou: “E aí, como foi, meu filho?”. “Ué, mãe. Passei.” Para mim aquilo era óbvio, nunca tinha me passado pela cabeça algo diferente.

Mas até chegar ali, duvidei de mim muitas e muitas vezes. Minha relação com o ato de dirigir era muito ruim, até aquele dia. Meu pai, no banco do carona, fosse com quem fosse, sempre criticava, falava alto e era realmente desagradável. Sendo ele mesmo, na época, um motorista bastante inseguro e abaixo da média no que diz respeito à perícia. Sua falta de confiança afetou a mim e à minha mãe. Curiosamente, tendo sido, ele mesmo, reprovado no seu primeiro teste de direção para tirar a carteira. Hoje eu entendo que tive o professor errado.

Não entender isso anos atrás me fez sentir inapto. Me habituei a evitar aquele desagrado das críticas, da forma brusca de corrigir pequenas falhas, das inúmeras palavras de desencorajamento. Por isso, deixei de lado a ideia de ser um motorista. Me achava incapaz. Criei esse hábito, para economizar energia. E evitando a fadiga, fui levando. Até que comecei a perceber que eu mesmo poderia dar um jeito naquilo. Mesmo que não tivesse apoio, eu poderia encontrar um jeito.

Nosso cérebro cria hábitos para economizar energia. Fazemos isso por meio da repetição. Toda vez que temos um problema, buscamos uma solução. Quando a encontramos e o resultado é satisfatório, tendemos a repeti-la. Minhas tentativas, naquela época, foram no sentido de conseguir ser um motorista. Como todas as vezes colhia resultados negativos, percebi que a única solução que traria um resultado minimamente aceitável seria evitar a ideia.

Fazemos isso todos os dias. Vamos criando hábitos de não dizer que amamos pessoas que precisam saber daquilo, ou trocando o exercício pelo serviço de streaming. E vamos deixando morrer nossos sonhos porque as soluções que encontramos são sucedidas de resultados pouco agradáveis, de alto gasto de energia ou as duas coisas juntas. Porém, podemos mudar nossos hábitos. Mesmo que durante toda a nossa vida tenhamos colhidos resultados negativos, por exemplo, eles nem sempre eles estão ligados a nós. Às vezes, estão ligados a outros fatores circunstanciais.

Nós fugimos da dor e buscamos o prazer, em tudo (ou quase) que fazemos. Por isso, os hábitos são tão atraentes. Eles se baseiam em fórmulas testadas e comprovadas. Soluções que funcionam e maximizam nossos resultados em relação à energia investida. E isso funciona para aquilo que nos faz evoluir e para aquilo que nos faz estacionar. Hábitos podem se tornar zonas de conforto. Eu estava em uma quando decidi que seria motorista sim ou sim. Decidi mudar e deu certo. Você consegue lembrar de alguma situação assim na sua vida?

Te convido a aprender sobre hábitos e a construir sua própria história. Acompanhe a leitura comentada de Hábitos Atômicos no Canal da Summit Academy. Se inscreva na newsletter para mais conteúdos de autoaperfeiçoamento e acesse gratuitamente o conteúdo produzido pela Summit Academy.

 
 
 

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