A Ponte Para o Abismo
- rannison rodrigues
- 29 de mai. de 2022
- 2 min de leitura

De todas as coisas inúteis da vida, a arrogância deve ser a mais perniciosa. Eu não sei você, mas tive minha cota de erros cometidos exclusivamente por causa dela. E, pela forma como vejo hoje, é como estar numa ponte elevada, se sentindo acima de tudo e de todos, avançando em direção a um abismo, desavisadamente, mas achando saber algo que mais ninguém sabe.
A arrogância é mesmo a ponte para a queda, mas tendemos a nos encantar com pessoas arrogantes. Acho que isso acontece porque, como falei, elas se tornam confiantes, se sentem seguras. Falam e fazem coisas com tanta certeza que acabam convencendo. Mesmo assim, invariavelmente, arrogância também incomoda e gera ressentimento. E isso costuma ser a semente da queda.
Errei muito ao longo da minha vida. Algumas vezes me envaideci por ser mais inteligente, mais rápido, por ganhar mais, e todas essas bobagens. Como o ser humano pode ser assim tão monótono? A história nos mostra que foram muitas as pessoas poderosas, ricas, famosas, “importantes”. Mas também deixa bem claro que, como diz o ditado “no fim do jogo o rei e o peão voltam para a mesma caixa”.
Precisei semear muitos ressentimentos, muita inveja e muita rivalidade para entender que a arrogância não nos leva a outro lugar, senão à mesma caixa, logo ao final do jogo. E o antídoto para isso não foi a falsa modéstia, nem negar a minha própria capacidade, mas me expor a ser imperfeito e aceitar o fato de que, não importando quão bom eu seja, nada do que faço é realmente meu. Eu sou só um canal entre uma vontade superior e o plano em que existo.
Se o que faço é bom, não tenho motivo para me envaidecer. Fiz a minha parte. Se o que faço é ruim, não tenho motivos para me envergonhar (se tiver feito com intenção pura). Basta seguir e melhorar. Acredito que o mesmo é aplcável a todos os demais seres humanos. A arrogância conduz ao abismo, à queda. O entendimento, por sua vez, conduz à serenidade. Basta seguir e não existe chegada.
Se compartilho isso com você hoje, meu querido leitor, é porque caí muitas vezes em abismos que eu mesmo decidi trilhar, na minha cegueira infantil de egoísmo e vaidade. Na minha vontade tola de receber apenas para mim mesmo. Esse é o pior erro que se pode cometer. Mas se eu, depois de mergulhar no abismo, consegui encontrar maneiras de voltar e trilhar um caminho para o entendimento, qualquer um também pode. É só querer e não desistir.
Às vezes, a gente escorrega. É como andar numa corda bamba, oscilando com as rajadas de vento do mundo, entre um passo para cima e um mergulho na escuridaão do abismo. Por isso, concluo aqui com uma sugestão que pode ajudar a manter a rota. Toda vez que estiver se sentindo superior, por qualquer que seja o motivo, lembre-se de que você vai morrer um dia e, acredite ou não, o mundo vai continuar girando. E lembre-se também de que esse dia pode ser hoje. Como a gente nunca sabe, o melhor é dar o nosso melhor. Boa segunda!
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