Como Vencer Um Vício
- rannison rodrigues
- 28 de nov. de 2022
- 3 min de leitura

Comecei a fumar com uns 18 ou 19 anos. Não lembro. Na época, as coisas em casa não iam bem, eu tinha trancado a faculdade e não tinha nenhum objetivo claro em mente. Um dia, depois de um porre, vi um amigo fumando e pedi um trago. A partir daí, continuei tragando por mais de um ano. Fumava escondido, claro. Meus pais não fumam. Com o pouco dinheiro que ganhava no estágio, comprava, vez em quando, um “cigarro a varejo”, mas com o tempo fui querendo mais. Queria cigarros mais fortes e em maior quantidade. Eu achava o máximo.
Quando viajei para o Rio de Janeiro, tive mais liberdade para fumar. Mas, por essas coisas que o destino reserva para gente, um dia passei em frente a um treino do Guanabara Rugby. Fiquei só olhando, mas me convidaram para participar. “Quer entrar?”, respondi que sim e entrei. E quase morri! Foram, literalmente, dois tiros de uns 15 metros e me veio o teto preto. Eu não conseguia continuar. Pedi desculpas envergonhado e me encostei num canto para me recuperar. Que sensação horrível. Eu me sentia refém do meu próprio corpo.
Um dos jogadores tentou se solidarizar comigo: “Você fuma, cara? É assim mesmo.” Já estava tão envergonhado e frustrado que menti. “Não, eu não” Ele me olhou e disse “Olha, eu fumo, eu sei como é.” O detalhe é que ele tinha feito o treino todo, então, acho que não considerei muito. Voltei para casa com uma sensação horrível: era raiva? Era vergonha? Era impotência? Até hoje não sei ao certo. Mas no outro dia, logo pela manhã, peguei meu cigarro e coloquei em cima da geladeira.
Na época eu morava com cinco moças (história para um outro post). E uma delas me perguntou se eu tinha cigarro. Eu disse que estava em cima da geladeira (não quis sequer encostar na caixa para dar a ela). Ela pediu um e eu disse: “Pode pegar todos. Parei de fumar.” “Você, parou? Duvido.” ela replicou intrigada em tom de provocação “Fabi, acabou essa porra, hoje.” falei sem hesitar. Ela riu um bocado, mas não levou fé. “Vou deixar aqui pra quando você mudar de ideia.” Eu não mudei, já ela...
Veja, naquele ambiente eu convivia com pessoas que fumavam. Todos os dias, para onde eu fosse tinha fumaça de cigarro. Era difícil, é verdade. Mas eu não conseguia mais me ver como uma pessoa fraca, que não conseguia correr 15 metros sem desfalecer. Aquela experiência me fez ter absoluta certeza de que aquele não era eu. O cigarro ficou em cima da geladeira e ali acabava minha relação com ele. Era o fim daquela pessoa e o nascimento de outra.
James Clear, em Hábitos Atômicos, nos explica que mudar o que você faz é a maneira mais prática de mudar quem você é. Cada ação não só gera resultados, mas ensina algo ainda mais importante: confiar em si mesmo. Você passa a acreditar que é capaz de realizar e com a repetição passa a ter certeza. O autor defende que agindo como tipo de pessoa que queremos ser, nos tornamos aquele tipo de pessoa. Nossos hábitos moldam nossa identidade e nossa identidade molda nossos hábitos (ciclo de feedback).
Foi isso que aconteceu comigo, mesmo sem eu entender conscientemente. Se tivesse lido Clear antes, acho que teria sido mais fácil criar a nova realidade que queria para mim. Entretanto, o que importa é que funcionou, realmente. E meses depois já conseguia correr com o time, fazer parte da escalação titular e até dar mais de dois tiros de 15 metros (risos). Acredito que isso pode funcionar para qualquer pessoa que queira se livrar de vícios e construir uma história diferente. Você quer?
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