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Hired — Capítulo 1: Começando Pelo Começo


Pensando em como eu poderia fazer algo objetivamente útil para as pessoas que leem o blog, decidi trabalhar uma série de textos sobre processos seletivos e recrutamento e seleção. O objetivo é compartilhar algumas ideias e dicas para alcançar melhores oportunidades de carreira. Com isso, espero ajudar os leitores a ter melhores chances de serem mais felizes no trabalho e mais bem-sucedidos em sua busca pelo "emprego dos sonhos". Então, começamos agora!

Imagino que você tenha estudado por alguns anos, preparando-se para o mercado de trabalho. Talvez tenha feito faculdade, cursos de idiomas, pós-graduações, mestrados, etc. Isso é ótimo! Mas, quanto tempo você dedicou à preparação para processos seletivos? Se a resposta for “muito pouco” ou “quase nenhum”, você não está sozinho. Na verdade, diria que menos de 5% dos profissionais dedicam tempo a uma preparação desse tipo.

Ao longo da minha carreira como headhunter recrutei profissionais ao redor do mundo, de analistas a CEOs. Tive a oportunidade de entrevistar milhares de pessoas e acompanhar algumas delas ao longo de seus processos seletivos. Essa experiência me mostrou que, não importava o país, a área de atuação ou o nível hierárquico. Alguns deslizes aconteciam simplesmente porque as pessoas estavam despreparadas.

No entanto, esses equívocos eram a diferença entre o sucesso e o insucesso nos processos seletivos. Anos de dedicação: estudando, trabalhando, adquirindo experiência e, apenas alguns instantes, tiravam daquelas pessoas o emprego que tanto desejavam. Em alguns casos, elas ficavam profundamente frustradas e confusas. Como era possível? Elas pensavam ter feito tudo certo. Mas a verdade é que não tinham, não.

Apesar disso, não sabiam que não sabiam, por isso, eram incapazes de identificar o que poderiam ter feito diferente. E é isso que eu chamo de começar pelo começo: perceber o que ainda não se sabe. Porque depois de entender certas coisas, nossa forma de encarar um processo seletivo muda completamente e, com isso, também muda o nosso comportamento.

Há algumas coisas simples que são comuns à maioria dos processos seletivos. Aqui, vou chamá-las de Leis. Elas estão implícitas, mas escapam aos olhos da maioria das pessoas, pelo hábito de pensar de uma determinada maneira. Conhecê-las nos ajuda a entender a essência da coisa e usar nossos recursos de uma forma mais eficiente. Vamos a elas.


Lei do Interesse mútuo

Não importa a empresa, o cargo, o entrevistador. Todo processo seletivo tem pelo menos duas partes interessadas. Então, você não é um pedinte e o seu entrevistador não é do tribunal da Inquisição. Lembre-se disso e sinta-se confiante. É claro, você quer a vaga. Mas o seu entrevistador, certamente, também quer encontrar a pessoa certa e não está ali por caridade. Sempre há interesse mútuo. Você também está escolhendo.


Lei do ideal Relativo

O perfil ideal é o que o contratante diz que é. Por isso, nem sempre, as decisões são imparciais ou racionais. Um enorme número de empresas estabelece esse ideal com base em preconceitos como instituições educacionais, faixa etária, histórico de empresas anteriores, tempo de permanência em cada emprego, etc. isso as ajuda a ter um norteador para o seu recrutamento e a economizar tempo, mas nem sempre ajuda a escolher o melhor profissional. Via de regra, você não poderá fazer nada sobre isso. Logo, ocupe-se do que está sob o seu controle e não se sinta diminuído caso não seja o “perfil ideal”.


Lei da Simpatia

Ser simpático, sem ser artificial, vai te ajudar 100% das vezes. Num processo seletivo há muitos elementos intangíveis e a simpatia, provavelmente, é um dos mais importantes. Simpatizar com alguém significa afinizar-se com aquela pessoa, estabelecer contato, e isso ajuda muito. A simpatia não resolve tudo, é claro, mas tem importância significativa. Em alguns casos, o motivo para não contratar um excelente profissional pode ser simplesmente que “o santo não bateu”. Isso é o mesmo que dizer “Não simpatizei com ele(a)”. Nem sempre você vai conseguir afinidade com todas as pessoas ao longo de um processo seletivo, mas pode reduzir as chances de causar antipatia. Concentre-se em construir boas experiências.


Lei do Ritmo

Como o nome já diz, processos seletivos costumam consistir em mais do que apenas uma ocasião. Há um caminho a ser percorrido e ele pode consistir em diversas interações. Por isso, é preciso ter em mente que cada processo tem seu próprio ritmo. Uns serão mais rápidos, outros mais lentos. No caso dos lentos a ansiedade prejudica. No caso dos rápidos, a indecisão. Adapte-se e procure estar pronto. Não se desespere e nem se precipite. Não assuma nada, mantenha-se concentrado no que está sob seu controle.


Lei da Comparação

Você sempre será comparado. Pode ser que a base de comparação sejam outros candidatos à mesma vaga, outras pessoas que já trabalham na empresa em vagas similares, o antigo ocupante da posição. E isso não é aplicável apenas a processos seletivos. Boa parte das decisões humanas é baseada em comparações. Por isso, mesmo que você seja perfeito para uma vaga, pode existir mais gente que também é. O resultado nem sempre tem a ver com o seu merecimento.


Lei da Confiança

Ninguém escolhe trabalhar com quem não confia. Por isso, um processo seletivo é sobre construir confiança e isso começa por você. Estar confiante é, como dizem, meio caminho andado. Quando você está seguro de si, pode transmitir segurança aos outros. Isso faz as pessoas ficarem mais à vontade com você e torna mais fácil para elas confiar. Acredite em você mesmo e os outros também acreditarão.


Lei da Preparação

Preparar-se para um processo seletivo é uma faca de dois gumes. Uma preparação adequada ajuda a dar confiança e melhora a performance. Mas, o excesso, mecaniza, artificializa e cria ansiedade, prejudicando a performance. Use essas informações para honrar esta lei. Não se robotize. Entenda os conceitos, aplique as técnicas e adapte-as ao seu caso.


Sempre que pensar em processos seletivos, lembre-se dessas leis. Elas te ajudarão a agir de forma equilibrada e gerenciar suas expectativas. Conheci pessoas que ficaram psicológica e emocionalmente abaladas por se sentirem rejeitadas e injustiçadas com o resultado de um processo seletivo. Por isso, sei que eles envolvem mais do que apenas o business as usual. Há vontades, sentimentos, expectativas envolvidas. Afinal, estamos falando de pessoas. Então, conte com as leis para te lembrar do que realmente importa. É apenas mais um processo seletivo e não a sua vida. Mas, o que isso significa? (Continua amanhã)

 
 
 

2 comentarios


Tiago Silva
Tiago Silva
22 jun 2021

Uau... ansioso pela continuação...

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andregasparini
22 jun 2021

Excelente!

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Since 2021. por Rannison

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