Hired - Capítulo 22: Network Efetivo
- rannison rodrigues
- 16 de jul. de 2021
- 8 min de leitura

Em redes sociais como o Linkedin, por exemplo, você vai encontrar um monte de pessoas dizendo que são especialistas em networking. Extraia o máximo que puder das recomendações dessas pessoas e de qualquer outra fonte, conhecimento que te seja útil para compor a sua estratégia de criação e fortalecimento de uma rede de relacionamentos.
Não pretendo aqui esgotar o assunto e, mesmo que eu vivesse 100 anos, acredito que ainda teria muito o que aprender. Um dos livros da série é dedicado exclusivamente ao pilar Network e aqui compartilho com você o que aprendi ao longo da minha trajetória como recrutador, dando enfoque especial às relações de trabalho, empregabilidade e processos seletivos.
Por isso, quando falo de network efetivo, estou me referindo àquilo que acredito ter um efeito real na sua vida profissional. Logo, vou me concentrar em poucos pontos. Acredito que eles cobrirão a maior parte do que você precisará colocar em prática para ter efetividade na criação e/ou fortalecimento de uma rede de relacionamentos. Vamos lá!
Começando no Linkedin (tenha um!)
Digamos que você não tinha um Linkedin. Criou a conta hoje e tem poucas conexões profissionais. Depois de deixar o seu perfil tão interessante quanto possível, conecte-se com pessoas que já tenham um grande número de conexões. Isso vai te ajudar a ter mais alcance porque no Linkedin você se conecta indiretamente à rede dos seus contatos.
Mais alcance significa mais chances de ser visto, mais chances de ser visto significa melhorar suas probabilidades de encontrar oportunidades mais interessantes. Invista tempo em trabalhar seu perfil no Linkedin e em criar suas conexões. Minha sugestão é começar se conectando aos recrutadores, headhunters, recruiters, enfim as nomenclaturas de cargo serão diferentes, mas comece pelos profissionais de recrutamento e seleção.
Esses profissionais naturalmente são mais ativos na rede e têm interesse em expandir sua rede de relacionamentos para chegar a mais pessoas. Sendo assim, a conexão é interessante para ambas as partes e, com a enorme rede de relacionamentos do recrutador, você amplia mais rápido o seu alcance. Além disso, recrutadores estão constantemente postando oportunidades profissionais e algumas delas podem ser do seu interesse.
Quem não é visto não é lembrado
Sempre começo sugerindo que se você não tem um Linkedin, precisa de um o mais rápido possível e bem feito. Mas o Linkedin é um recurso útil pelo lado quantitativo da coisa: você consegue se conectar a muita gente. Do lado qualitativo o bom e velho "Oi Sumido" continua sendo o melhor remédio. Isso porque quem não é visto não é lembrado. E aqui o Linkedin tem efeito contrário. Quanto mais gente, mais difícil é ser "visto".
Por isso, invista em ser lembrado pelos contatos que você acredita ter mais valor imediato. Recrutadores e ex-colegas de trabalho costumam ser os maiores geradores de valor em curto prazo, se você deixou bons relacionamentos, é claro. Ligue para eles, bata um papo brevemente. Talvez 10 minutos já sejam suficientes para colocar a conversa em dia e falar do seu interesse em novos projetos.
Crie o espaço para isso. As pessoas costumam ter bastante coisa para fazer além de falar no telefone sobre os seus interesses. Então, torne a conversa fluida, simples e agradável. Evite uma "cobrança por resultados" e, sempre que possível, inclua na pauta algo que seja do interesse do seu interlocutor. Assim você garante que sempre será um prazer para ele atender a um telefonema seu.
Seu CV não é Você
Por muitos anos conversei com profissionais que me diziam "vocês têm meu currículo aí". Veja bem, nessa época eu trabalhava numa consultoria que tinha mais de um milhão de currículos em seu banco de dados. Quando a pessoa do outro lado da linha me dizia aquilo, tenho certeza de que não considerava esse fato, mas mesmo que o banco de dados inteiro fosse apenas o currículo daquela pessoa, não seria o suficiente.
"Papel aceita tudo", dizia um ex-chefe meu. E ele tinha razão. Já passei por situações muito interessantes em que o currículo parecia pouco convincente e o profissional era fantástico, e o contrário também aconteceu algumas vezes. Mas o que quero deixar bem claro é que seu currículo não pode fazer o seu trabalho por você. Só você mesmo pode se representar.
Quando surge uma oportunidade é muito difícil lembrar do currículo de alguém, mas é muito mais fácil lembrar da pessoa, da história, do jeito, da conversa. Seu currículo vai direto para uma base de dados gigantesca, fica ali no meio de um monte de outros. São só dados, sem vida, sem alma. Mas, quando você conversa com outra pessoa, quando essa pessoa te conhece e ouve a sua história, ela passa a lembrar de você.
Seu currículo pode dizer que você é bem-humorado, proativo, etc. Mas vários outros dirão a mesma coisa. Uma pessoa só vai conseguir te perceber se puder personalizar o entendimento de quem você é. E acredito que isso só acontece quando realmente falamos diretamente uns com os outros. Se alguém te pedir para "enviar o CV para o e-mail blablabla@xyz.com", sem combinar de bater um papo com você ou sem nunca ter trocado mais do que alguns segundos de conversa contigo, não espere muito. Se algo de bom vier, ótimo. Mas não crie expectativas.
Entretanto, se alguém te pede para bater um papo com você, agenda um horário, combina o lugar, mesmo que não te peça um currículo, prepare-se o melhor que puder. Controle a ansiedade, mas perceba que você já tem mais motivos para esperar que algo avance a partir dali, se fizer o seu melhor. Qual a diferença entre uma situação e outra? O investimento de tempo e energia. A pessoa que te convidou para a conversa está investindo o tempo dela para conhecer mais sobre você. Isso é, via de regra, um bom sinal.
Por outro lado, a pessoa que está te pedindo um e-mail com um arquivo anexado não está fazendo nada muito diferente do que um robô poderia fazer e não está dando nenhuma perspectiva sobre o que acontece depois. Está investindo menos tempo e não está abrindo nenhuma janela de oportunidade para você realmente mostrar quem é. Então, lembre-se, seu currículo ajuda. Que ele esteja onde você quiser e no máximo de lugares possível, que seja visto sempre. Mas, não espere que ele faça a sua parte. Apenas enviar seu CV não vai resolver muita coisa. Apareça, mostre quem você realmente é.
Headhunters
Recrutamento e seleção é, basicamente, um trabalho de repetição. Por isso, recrutadores fazem, via de regra, a mesma coisa por muitos anos. Essa característica não é intrínseca apenas à essa profissão, mas quero deixá-la bem marcada aqui. Porque um headhunter é precisamente igual a um vinho. Quanto mais tempo, melhor fica. E essa é uma característica que considero muito particular da profissão.
Cada ano de trabalho de um profissional de recrutamento pode ser medido em progressão geométrica. As relações avançam de forma muito rápida e, quanto mais hábil em lidar com as pessoas, mais respeito e prestígio esse profissional conquista. "OK, mas e daí? O que eu tenho a ver com isso?". No capítulo 8 falamos que toda empresa é como um país estrangeiro, certo? Headhunters, portanto, são como embaixadores. Quanto mais respeitados, quanto mais credibilidade têm, melhor. Faça eles te amarem e você terá "entrada" em praticamente qualquer empresa.
Já presenciei um caso muito interessante que ilustra isso. Meu ex-chefe nos contou que, ao conversar com um grande amigo, descobriu que ele estava insatisfeito com o trabalho que tinha e que sonhava em trabalhar em uma lista de quatro empresas específicas. Todas do ramo de artigos esportivos. Depois de alguns telefonemas, conseguiu arranjar duas entrevistas para o amigo em duas das quatro empresas e por pouco a contratação realmente não aconteceu.
Mas como isso foi possível? Quatro fatores: (i) o currículo do profissional era bom, (ii) ele conhecia o perfil do candidato, (iii) ele tinha interesse genuíno em ajudar e (iv) ele tinha contatos que confiavam no que ele dizia e estavam dispostos a dedicar tempo das suas agendas apertadas para conhecer um indicado dele. Junte os quatro fatores e a magia acontece.
Faça os headhunters gostarem de você. Seja disponível e crie relações de confiança com eles. Não só você, mas também seus amigos e outras pessoas do seu network podem se beneficiar disso. Lembre-se que estamos falando o tempo todo sobre confiança e troca de informações que gerem valor. Dificilmente você vai encontrar, no mercado de trabalho, pessoas que tenham mais acesso a isso do que headhunters.
Referências
"Fale bem de si mesmo. Mas se alguém puder fazer isso por você, o efeito é dez vezes mais poderoso." Essa frase é minha. Eu a utilizei há alguns anos enquanto conversava com um candidato que, durante uma entrevista, foi visto como uma pessoa arrogante e que só "contava vantagem", mas que não conseguia trazer elementos concretos para o seu discurso.
Quando passei o feedback a ele, disse que "sentiram que algumas afirmações não estavam embasadas em fatos objetivos e ficaram com a impressão de que pode ter havido algum exagero". A réplica dele foi "Mas que fatos, Rannison? Eu respondi o que eles me perguntaram. Não tenho como fazer eles acreditarem em mim. Eu preciso falar mal de mim para ter credibilidade?" e aí eu soltei a bendita frase.
E continuo utilizando-a até hoje porque acredito sinceramente que isso é verdade. Então, quero te sugerir ter sempre perto de você pessoas que possam falar dos seus feitos e da sua conduta no trabalho. Essas pessoas podem ser essenciais para uma tomada de decisão. Já vi algumas contratações serem definidas com base em referências profissionais e, não tenha dúvida, o peso do que falam sobre você pode ser muito maior do que você imagina.
Se eu te dissesse que algumas entrevistas nunca aconteceram apenas porque uma referência negativa foi dada ou que uma proposta, que estava sendo negociada, foi cancelada por causa de um telefonema de 5 minutos, você acreditaria? Sim ou não, não faz diferença, é esse o poder de uma referência. Tenha sempre à mão os contatos das pessoas que podem falar de você. Não apenas seus ex-líderes, mas também ex-pares, ex-subordinados, ex-coworkers, ex-fornecedores, enfim, tenha seu exército de defensores por perto.
Algumas referências suas serão levantadas sem que você sequer tome conhecimento. As pessoas estão se falando o tempo todo e é impossível que falem apenas coisas positivas sobre você. Mas, não se incomode com isso. Garanta apenas que tenham mais coisas positivas do que negativas para falar sobre o que você fez e sobre o que deixou por onde passou. Suas referências valem ouro e têm um peso dez vezes maior do que o que você fala sobre si mesmo.
Onde a Magia Acontece
"O artista tem que ir aonde o povo está". Milton Nascimento não poderia ter mais razão. E aqui, o artista é você. Esteja onde o povo está. Vá para onde a magia acontece. O que falamos até aqui sobre ter sua rede de relacionamentos, ser visto, criar sua própria base de referências, estar presente nas redes sociais, tudo isso só faz sentido se você estiver disposto a estar onde a magia acontece.
E com isso quero dizer que coisas como grupos de whatsapp, grupos de discussão no facebook ou qualquer outro fórum onde você possa desenvolver seu network é válido. Que tal participar de um meetup sobre um tema novo? Ou quem sabe participar de uma live de uma empresa interessante? Não se limite, vá onde as portas estejam abertas e aproveite as oportunidades para aprender, observar e absorver conhecimento.
Novas soluções surgem o tempo todo em todos os lugares. Utilize-as a seu favor, aplique-as aos seus objetivos. Tente se desprender dos seus preconceitos e procure aprender um pouco mais sobre o "que está rolando". Mesmo aqueles canais menos promissores, em primeira análise, podem surpreender, então esteja onde a magia acontece, vá aonde o povo está. Faça acontecer.
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