Hired - Capítulo 30: Além do Método
- rannison rodrigues
- 24 de jul. de 2021
- 3 min de leitura

Acho que um livro honesto sobre processos seletivos não estaria pronto sem abordar algumas questões que os 4 pilares não são capazes de influenciar. Chamo essas questões de "O imponderável". E com isso me refiro àquilo que a nossa cultura atual teima em dizer que não existe, que não importa, que tem pouco valor. Porém, minha vida até aqui me mostrou o contrário e eu não ousaria terminar esse livro sem falar de algumas delas.
Quando comecei a trabalhar com recrutamento fiz uma transição de planejamento financeiro. Minha cabeça era bastante cartesiana e eu era apaixonado por uma planilha de excel. Mas aí, quando comecei a lidar com todas aquelas pessoas, percebi que não importava o que eu fizesse, mesmo que eu desse o máximo para controlar todos os detalhes, não era possível realmente controlar o resultado.
Isso me deixou muito perturbado, por um tempo, mas consegui me adaptar rápido e aceitei o fato de que um processo seletivo é definido por interação humana. Quando falamos de seres humanos, é tolo e arrogante ignorar os fatores que, de fato, nos tornam humanos. Coisas como intuição e afinidade, por exemplo, fazem toda a diferença e o método CANN, embora não tenha o objetivo de tratar sobre esses fatores, não os ignora e os considera muito relevantes.
Assim, aponto alguns fatores que estão fora da área de trabalho do método CANN, mas que têm capacidade de potencializar seus resultados se bem observados. Como falamos no pilar comunicação, somos como wi-fis. Estamos, a todo o tempo, nos comunicando, mandando e recebendo mensagens. Algumas podem ser decifradas e explicadas mais facilmente, outras, no entanto, ainda desafiam nossa capacidade de entendimento.
Quando um candidato perfeito para uma vaga saia de uma entrevista dizendo que não tinha gostado do entrevistador e que não confiava nele, o que estava acontecendo afinal? Porque ele se sentia assim e os demais candidatos não? Quando um contratante me dizia que "o santo não bateu", o que aquilo queria dizer? É de se imaginar que sejam apenas reflexos psicológicos conscientes ou inconscientes daquelas pessoas, eu sei.
Mas quando elas me diziam essas coisas e eram questionadas de forma racional até chegar ao ponto de não terem mais argumentos, recorriam a algo como "eu sinto que...", ou "eu não senti..." ou ainda "eu estou sentindo que...". Perceba, o sentir desempenha um papel importante em processos seletivos. Seres humanos sentem, é um fato. Procure quantos dados quiser, explique como preferir, não leia o que vem a seguir, a decisão é sua. De minha parte, só parei de negar esse fato. Nem tudo pode ser explicado pelo conhecimento humano racional .
E, verdade seja dita, certas explicações que damos às coisas são insuficientes, risíveis até. Ao longo dessas milhares de entrevistas que fiz, percebi que o ser humano é bem mais do que um fator de produção e que, sua racionalidade é pouco eficiente e pode ser facilmente conduzida, enquanto esse "imponderável" parece ter uma força de compreensão mais abrangente e até mesmo mais precisa.
Por isso, vou abordar algumas dessas coisas, sem embasamento e o melhor que puder, sem me preocupar em ter razão. Considere aquilo que te for útil, jogue fora o que não for. Mas, em todos os casos, avalie o que está recebendo com a mente aberta. Nem ávido por concordar e nem determinado a discordar, apenas dê alguma consideração à possibilidade.
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