Hired - Capítulo 4: O que está sob seu controle?
- rannison rodrigues
- 24 de jun. de 2021
- 3 min de leitura

Há um filósofo estóico chamado Epíteto que explica de forma bastante sucinta o que vamos falar ao longo deste capítulo. Segundo ele, algumas coisas estão sob o nosso controle e outras não estão. E só devemos nos ocupar daquilo que podemos controlar. De acordo com o pensamento do filósofo, o que realmente podemos controlar são coisas como as nossas opiniões, aspirações, desejos e as coisas que nos causam repulsa ou nos desagradam.
Por isso, perder tempo tentando controlar aquilo que não podemos é desperdício de energia. Quando estiver participando de um processo seletivo, por favor, lembre-se de Epíteto. Se puder, lembre-se dele sempre, é um ensinamento realmente importante. Como falamos no capítulo anterior, o que importa é termos a consciência de que estamos falando de um jogo infinito e que, por isso mesmo, parte das variáveis não estão sob nosso controle.
Conheci pessoas que passaram noites em claro pensando na entrevista da manhã seguinte ou, por exemplo, que não saíram de perto do telefone por quase 15 dias, ansiosas, esperando o retorno de um processo seletivo. É compreensível, claro. Quando queremos muito alguma coisa podemos ficar ansiosos. Mas, como nosso querido Epíteto nos aconselha, isso não nos ajuda em nada. A propósito, infelizmente, esses dois exemplos que mencionei no início do parágrafo, não conseguiram as vagas que tanto queriam.
E falar disso é importante porque, ao longo de muitos dos processos seletivos que você participará na sua vida, boa parte das variáveis não estará sob seu controle. Então, sejamos claros, o que realmente está sob seu controle? Suas atitudes, suas palavras, suas intenções, suas motivações, seu tempo, suas decisões. Todo o resto não deveria consumir sua energia. Tentar controlar ou gastar energia com as outras coisas é perda de tempo.
Você não pode decidir se o seu entrevistador é competente e atencioso. Não pode determinar se o feedback sobre a sua entrevista chegará rápido ou devagar. Não pode escolher o humor do seu entrevistador e nem o interesse dele na sua carreira. Não pode controlar os critérios de seleção de uma empresa. Eles podem ser enviesados, não ter nenhuma base de avaliação coerente, ser pouco claros e oferecer uma experiência negativa. Mas, a respeito de tudo isso, não há nada que você possa fazer.
Mas você pode controlar sua postura em relação a tudo o que te acontece. Pode ser atencioso, criterioso, simpático. Pode ser pontual e cumprir os combinados; pode se preparar bem para aproveitar melhor o seu tempo com o entrevistador; pode fazer, mesmo as coisas "banais" (como preencher cadastros), bem feitas; pode ser verdadeiro nas informações que fornece e pode controlar as próprias expectativas em relação ao que acontece ou não.
Essas coisas estão sob o seu controle e são elas que devem absorver você. Concentre sua energia nisso. Lide com todo o resto sem tentar controlar o desfecho. Se seu entrevistador for desagradável, por exemplo, não há nada que você possa fazer. Mas você pode escolher ser agradável. Investir esforços para fazê-lo perceber isso e mudar a própria postura ou, se sentir ofendido não trará para você nenhum resultado positivo.
Quando esbarrar com uma situação que não pode controlar, basta seguir com o seu melhor, sem se abater. Não estou dizendo que isso é fácil. Como recrutador, às vezes, falamos com pessoas que não são exatamente simpáticas e algumas vezes precisamos ouvir certas coisas que nos fazem pensar: "De onde veio isso?", mas ainda assim, sempre temos a oportunidade de seguir concentrando a nossa atenção naquilo que realmente importa.
O mesmo se aplica a você. Controle o que pode, ignore as distrações e não desperdice energia naquilo que não pode controlar. Seus resultados em processos seletivos certamente melhorarão muito depois disso. Porque, tendo isso em mente, você já se diferencia da maior parte das pessoas. Sua paz de espírito também ganhará bastante com essa simples decisão.
Mas, talvez você se pergunte porque ficamos assim tão tensos, ansiosos em situações de processos seletivos? E a resposta, na maioria das vezes, é que os consideramos sob um ponto de vista pessoal. Com isso quero dizer que realmente levamos a coisa para o lado pessoal. Ser rejeitado ou aceito ganha, portanto, um peso muito grande.
Mas, se olharmos a mesma situação de um ângulo diferente, dificilmente nos sentiremos assim tão expostos. E se o seu trabalho fosse um produto que está sendo ofertado? Você continuaria levando a coisa para o lado pessoal? Vamos então pensar em termos de negócios. Vamos falar da Você S/A.
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