O poder da ação
- rannison rodrigues
- 1 de jun. de 2021
- 4 min de leitura

Você já deve ter ouvido falar de alguém que fez algo fantástico, admirável. E aposto que, como eu, você também se inspira com as histórias de pessoas assim. Elas nos lembram de que é possível alcançar coisas que imaginamos estar muito distantes. E aí, é como se alguma coisa se iluminasse em nós ao ver que outro ser humano foi capaz de realizar tanto. A razão para isso é simples: esses realizadores são, na verdade, tão humanos quanto você e eu.
Isso não é um exagero. Pense em qualquer pessoa que fez história e perceberá que, assim como você, ela tinha qualidades e defeitos. No entanto, optou por agir, por fazer algo a respeito de uma determinada situação. Fosse abrindo uma empresa ou dando comida aos desvalidos, essa pessoa decidiu tomar uma atitude em relação àquilo que via. Uma voz interna a chamava e ela decidiu segui-la, dedicar-se àquele projeto, não porque fosse conveniente, mas porque precisava ser feito.
Somos chamados o tempo todo a realizar coisas assim, a fazer algo a respeito de situações que nos são apresentadas todos os dias. Mas, quando nos deparamos com a dureza do caminho, preferimos aquilo que é mais confortável, optamos pelo mais conveniente. Por isso, escolhemos aquilo que nos dará mais resultados imediatos, ao invés de fazer aquilo que precisa ser feito. Nossa ação é orientada pelo imediatismo da recompensa e não pelo dever.
Os realizadores não se importam com isso. A recompensa é o fazer, eles sabem. Vai ser desconfortável, eles não se iludem. E ainda assim, se propõem a seguir. Escolhem o curto caminho longo, ao invés do longo caminho curto. Essa capacidade de se dedicar a algo unicamente porque precisa ser feito, por dever, nos tira da gangorra emocional da busca por recompensa. Quando agimos assim, os elogios e as críticas; os sucessos e os insucessos, são só parte do caminho e não o destino.
A ação é a força que traz todas as ideias ao mundo. A qualidade dela, portanto, define a qualidade da realidade em que vivemos. Não é desolador pensar em uma humanidade que age apenas baseada em recompensas? Você consegue imaginar o que somos capazes de fazer tendo como objetivo apenas benefícios pessoais? Sim, é bem triste e realizamos muito pouco, porque queremos muito pouco: fama, dinheiro, poder. Tudo isso é quase nada e pode nos ser tirado a qualquer momento.
Todos nós temos a capacidade de trazer coisas admiráveis ao mundo. Não acredita? Está muito “autoajuda” para o seu gosto? Tudo bem. Então, faça o teste: Pare e pense naquele sonho que te incomoda, pedindo uma chance de vir ao mundo. Imagine um jeito de realizá-lo, ignore as recompensas, abandone as desculpas, encare sua autocrítica. Feito? Agora é simples: Trabalhe! Acorde mais cedo, durma mais tarde, se vire! E faça porque precisa ser feito, não esperando algo em troca.
Não importa quão cansativo ou desconfortável seja. Simplesmente faça. Mesmo que não perceba, outras pessoas se inspirarão em você. Precisamos ser lembrados do que somos capazes de alcançar, para que algo se ilumine dentro de nós. Vivemos alguns anos e logo morremos. Mas o que realizamos não é só para nós mesmos. Faça, continue, insista, porque outras pessoas, que nem existem ainda, podem precisar do seu exemplo, do seu legado. Dê o melhor à sua ação.
Resista à tentação do conforto, do medo, da recompensa. Elas te aprisionam, te enfraquecem. E perceba que, depois de um tempo, sua alegria vai estar em dar o seu melhor ao que está fazendo. De repente, aquilo deixará de ser um esforço e se tornará uma necessidade, como comer, por exemplo. Subitamente, o seu mundo vai se transformar em um mundo de possibilidades. Porque quando você tem uma ideia e faz algo a respeito, os caminhos vão se abrindo, novas possibilidades vão surgindo.
Passar a vida alimentando uma história não vivida, de possibilidades que não tiveram a chance de se transformar em realidade, de vir à existência, é como viver numa prisão. É como matar de inanição uma parte de nós que precisa ser nutrida. Um mundo de ação é um mundo de possibilidades, o conforto e a busca por recompensas que nos levam à inação ou às ações sem propósito nos aprisionam num mundo de inércia, de instabilidade e incoerência. Em qual mundo você prefere viver?
Fazer coisas, portanto, não significa que estamos realizando algo e nem que estamos fazendo algo bom. A ação pela ação produz efeitos, mas é a qualidade deles que determina o mundo em que vivemos, que compartilhamos com os nossos semelhantes e deixamos para as gerações vindouras. A qualidade de nossas ações determina, enfim, nossa felicidade. Não a felicidade que se abate por críticas, mas sim aquela estoica, que continua e se satisfaz ao fazer sua parte o melhor possível.
Só este tipo de ação te deixará em paz consigo mesmo. Só ele dará mais sabor e sentido à vida. Então, abandone agora a mentira de que você não é capaz. É confortável acreditar nisso, mas faça o que precisa fazer. Porque se isso for verdade, então você não será capaz de fracassar. E não tentar é, sem dúvida, o pior insucesso que alguém pode obter. Erga-se, mova-se, você é capaz. Todas as ideias que tem não chegaram até você à toa. Elas precisam da sua ajuda para se tornar realidade.
No Bhagavad Gita, Krishna, em meio ao campo de batalha, diz ao hesitante Arjuna: “…não ceda a esta impotência degradante. Isto não lhe fica bem. Abandone esta fraqueza mesquinha de coração e levante-se…!”, o que, dito de outra maneira, ficaria: “Deixa de mimimi, toma vergonha na cara e vai fazer o seu trabalho.” Funcionou para Arjuna, ele venceu a guerra. Seja qual for a sua, a vitória está ao seu alcance, faça o que precisa ser feito. Comece agora!
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