Onde Tudo É Amor
- rannison rodrigues
- 9 de ago. de 2021
- 3 min de leitura

"All you need is love… Love is all you need!" (Tudo que você precisa é de amor… Amor é tudo o que você precisa) diz o famoso refrão dos Beatles. Mas, no dia-a-dia, na correria, a gente acaba esquecendo disso e procura num monte de coisas a cura para os males do corpo, da mente, da alma. A gente tenta encontrar sentido no que não tem e vai deixando de lado essa verdade tão simples.
Nos afogamos em trabalho, contas para pagar, séries, jogos de futebol, discussões sobre política, nos distraímos. Vamos repetindo o mesmo roteiro todos os dias, nos sentindo perdidos, meio robotizados mesmo, vivendo "no automático". Mas isso só acontece porque esquecemos o refrão. Só precisamos de amor, porque ele justifica tudo, tudo cura.
Acredito que cada um de nós tem um lugar onde tudo é amor. Pode ser que ele exista apenas na nossa mente ou talvez seja a casa de uma avó, uma biblioteca ou uma academia de artes marciais. Não importa quão bonito ou arrumadinho ele seja. Na verdade, não importa nem se ele existe apenas em um sonho que ainda vai se realizar. Nesse lugar, tudo se encaixa, tudo tem sentido.
O meu lugar é Cabo Frio. Não pela cidade em si (que é linda), mas porque, de uma maneira misteriosa, lá vejo o amor acontecendo. Seja no casamento de quase 40 anos dos meus pais, nos encontros com os amigos de infância ou no curioso amor platônico de um calopsita por uma vira-lata. Tudo em Cabo Frio é amor.
E amor não é esse negócio meloso de filme da sessão da tarde. É claro, tem um pouco disso, sem dúvida. Mas, acho que, na verdade, ele se parece mais com a simplicidade. São as pequenas coisas, os pequenos gestos, o "dar sem esperar receber algo em troca", o "aceitar como é", o "estar feliz por estar". Nada falta, nada sobra. Tudo está completo e é perfeitamente imperfeito, sendo imperfeitamente perfeito.
É o abraço e o choro de um amigo que a gente cultiva há mais de 20 anos; o ritual de um casal que encontra o amor no conflito, que discute, discute e no final ri um do outro há décadas, com seu jeito gauche de amar. O amor pode se revelar nos passinhos curtos do Toquinho (o calopsita) correndo atrás da Kona (a vira-lata) para todos os lugares. "Não importa se você tem pelos e eu penas. Não importa o seu tamanho e sua raça, eu amo você." Imagino que é o que ele está dizendo a ela.
Porque parece que o amor não se importa de ser amado de volta, ele só precisa se expressar, só precisa existir. Talvez o verbo amar seja mesmo intransitivo como dizia Drummond. Em Cabo Frio, ele é, sem dúvida. E acho que é assim, porque o amor parece não ter a ver com o que falamos, mas com o que fazemos, com os nossos gestos, nossos sentimentos, nossos pensamentos.
"Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, se não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine…" segundo São Paulo, não tem mesmo nada a ver com o que se fala, é a intenção, é o gesto. O amor dispensa as palavras, mas sem ele, parece que tudo perde o sentido, soa estridente, vazio.
Mas, de onde ele vem? Será que se esconde em algum lugar? Será que precisamos de lugares especiais para encontra-lo? Percebi que não. Alguns lugares ajudam a gente a perceber o amor de um jeito mais nítido. Mas ele está em todos os lugares e vem de nós mesmos. Não está ao lado, nem perto nem longe, está dentro e está em tudo o tempo todo. Nossos lugares só nos ajudam a ver melhor. Porque quando tudo é amor, nada nos falta.
E você? Qual é o seu lugar? Onde, no seu mundo, tudo é amor? Onde tudo se justifica e é perfeitamente imperfeito? Seja onde for, lembre-se do refrão hoje e sempre: "All you need is love!" e tudo que ele precisa para se expressar é de você. Experimente, bom dia!
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