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Porque Eu Corro


Hoje foi um dia especialmente corrido. Custei a parar para escrever. E quando parei, me veio aquela coisa: “ok, escrevo sobre o quê?”, a cabeça não parava de pensar em trabalho, nas mensagens pipocando no WhatsApp, no endereço novo, no aparato para bebês que precisava ser devolvido à locadora, etc.


Foi aí que pensei no quanto gosto de ficar em silêncio, comigo mesmo, a mente concentrada em uma coisa de cada vez. E os momentos que me dão essa sensação, são escrever e correr. Por isso, hoje eu decidi falar sobre porquê eu corro.


De uma forma simples, corro porque adoro. Mas, nem sempre foi assim. Na verdade, comecei a correr por falta de opção, depois de uma lesão que me afastou do rugby. Como estava ficando acima do peso muito rápido, decidi fazer pequenas corridas para “dar uma queimada” no tecido adiposo. A primeira corrida foi uma tortura, principalmente para a minha mente desacostumada a ficar concentrada daquele jeito.


Estava acostumado com a dinâmica do rugby. Corridas curtas, explosivas, descanso, mais corridas curtas, impacto, ação e reação, eu, meu time e o adversário. Muita coisa acontecendo ao mesmo tempo, muitas coisas a observar, mudanças constantes. Na corrida, no entanto, não havia nada disso. Ritmo controlado, quase monótono, apenas eu e a pista, nenhum objetivo claro em mente, apenas um passo após o outro. Eu queria gritar. “Que troço chato!”


Mas continuei indo. A barriga foi diminuindo e eu fui aumentando a distância. De repente, percebi que queria correr mais. Passei a prolongar o treino e tentar ir mais rápido. Comecei a tomar gosto pela coisa. Comprei um tênis apropriado, fiz minha primeira prova de 10km e não parei desde então.


Passei pelo triatlo alguns anos, mas correr era a minha parte favorita. Daí, em 2018, decidi ficar só na corrida, e descobri que adoro estar na montanha, no meio do mato, perto da natureza. Nessas horas, nada mais existe. Só eu e a pista, meu coração batendo, o som da respiração ofegante, a montanha, o esforço, o sentimento de ir escalando, progredindo aos poucos. Tudo isso se condensa e o resto silencia por algum tempo.


A certa altura do treino, minha mente, se aquieta. Não preciso tomar decisões, não preciso analisar nada, nem preciso pensar. Meu corpo vai fazendo o que tem que fazer e os quilômetros vão passando. Por isso, para mim, quanto mais longa for a prova, o treino, melhor.


É uma meditação. Ofegante, com bastante suor e esforço, mas igualmente eficiente quando se trata de focalizar a energia e os pensamentos. Qual é o seu jeito? O que faz você se tornar um só com seus sentimentos, pensamentos, seus sentidos físicos? O que te coloca nessa esfera de existência que transcende as circunstâncias imediatas?


Pense aí. Tenho certeza de que há alguma coisa. Quando você tem uma semana difícil, um dia corrido, como faz para concentrar suas energia? Quando o turbilhão das coisas da vida te encontram, como você faz para se achar? Onde está essa parte da sua vida que te afina como se fosse um instrumento musical?


Será que você encontraria isso em algo que parece nem gostar muito? Eu encontrei. E, sinceramente, acho que, se você ainda não descobriu sua “zona de transcendência”, talvez só esteja procurando no lugar errado.


Amanhã é sábado! Ótimo dia para exercitar o lado criativo, deixar o aplicativo de streaming um pouco de lado, e começar algo novo. Alguma coisa que te interesse, que te coloque completamente focado naquilo que está fazendo. Que tal tentar? Todo mundo tem a sua montanha, qual é a sua?

 
 
 

1 bình luận


Tiago Silva
Tiago Silva
13 thg 6, 2021

Correu e não parou mais tbm... rs...

Thích

Since 2021. por Rannison

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