Quando A Porta Está Trancada

Por que a gente se isola? O que faz a gente trancar a porta para o resto do mundo? Vaidade? Medo? Egoísmo? Estamos realmente isolados ou é só impressão? Você já sentiu como se estivesse sozinho o tempo todo? Já te passou pela cabeça, alguma vez, só poder contar consigo mesmo? Será que isso é verdade ou só desinformação? Há uma mulher que admiro muito, chama-se Lúcia Helena Galvão. Dentre as pessoas com quem aprendi recentemente, Dona Lúcia, certamente, foi a mais impactante. Ela tem pensamentos muito interessantes. Um deles é o de que, o sol sempre está lá, não importando se a sua janela está aberta ou fechada. Só que ao abri-la, você recebe a luz e ao fecha-la, para de receber. Sua distância em relação a ele nunca mudou, o sol sempre esteve lá. Mesmo nas situações mais difíceis, nos dias de agonia, nas inquietudes, nos momentos de medo. O sol está lá. Não importa se você fechou a janela ou a porta. A luz continua brilhando. Resta a escolha: receber ou não. Talvez seja difícil entender isso quando o coração aperta. Talvez seja quase impossível lembrar quando já faz tanto tempo que a porta está fechada. Acho que, às vezes, fechamos as portas ou as janelas porque a noite pode trazer o frio, o escuro e o medo, e queremos nos sentir seguros. Nós amamos a segurança e não nos expomos ao que possa nos fazer mal. Com o tempo, nos acomodamos, nos apegamos ao seguro e o transformamos em prisão. Porque o dia pode nascer meio nublado, chuvoso, frio, nenhum sol à vista. E vamos nos acostumando a trancar as portas, as janelas, a visão. Nossa memória vai se dissipando. "Como é la fora mesmo?", "Por que eu gostava tanto de ir lá? Minha vida está ótima agora." Vamos esquecendo da verdade e contando histórias que nos ajudam a cultivar a covardia nossa de cada dia. Mas e se lá, do lado de fora da porta, um paraíso estiver nos aguardando? Tem dias que a gente só precisa parar de reparar na chuva e começar a acreditar que o sol vai voltar. Tem dias que tudo que se pode esperar é um raiozinho de sol pela fresta de uma janela trancada. Mas, não importa quanto tempo passe, o sol sempre estará lá. É nossa a escolha de receber ou não. É nossa a escolha de arriscar, abrir a porta da vida e ver o que acontece. Não conte histórias para si mesmo, faça a sua história. Pare de imaginar a vida por trás das janelas, vá lá fora. Molhe-se na chuva ou sinta o sol. Não tenha medo da noite, ela sempre acaba. E a sua vida também, aproveite agora!